Luabela

Papel e caneta.
Uma luz ilumina.
Da lua flutuante acima.
Através das grades.
Do andar mais alto.
Sozinho eu reflito.
E inevitavelmente
Penso na minha mulher.
Em todos os carinhos
Que dela me saciam.
Doce, como aquela lua.
É você quem prateia minha vida.
Até os caminhos do meu dia.
Pra toda noite retornar.
E me levar pra casa.
Onde moro feliz contigo.
Num lugar mais alto que o céu.
Tão perto quanto o chão.
Profundo como o mar.
Quente que nem sol.
A sua natureza é meu recanto.
Nossa cama, nosso canto.
Nela me recolho com jeitinho.
Juntando um pedacinho.
Do meu corpo no seu.
Pra te deixar dormindo.
Respirando devagar.
Flutuando em meu céu.
Serena Luabela.
Doce Isabela.
Me ilumina.

                      Mauricio Bahia

Vôo solo de Hypolito

No tablado quadrado.
Perfeito é o trajeto ensaiado.
Impossível não ficar espantado.
Movimentos acrobaticamente executados.
Minutos e  segundos cronometrados.
E no vértice do suspiro final, a explosão.
Quebrando o ar, há um corpo em contorção.
De tronco, braços, pernas, pulsos e mãos.
Equilíbrio suspenso de arte, plástica e precisão.
O tortuoso e extato vôo que toca, por fim, manso o chão.
Parado de pernas unidas é aclamada a apresentação.
A declarada poesia rimada é dedicada,
Por jus a quem conquistou a medalha dourada.
E, definitivamente, o solo gentil da pátria amada.

                                          Maurício Bahia

Hipnose Lunar

Observo a lua e suas crateras.
Impiedosamente bombardeadas no passado.
Por meteoros ou asteróides.
Imagino a lua como o amor.
Tantas vezes machucado.
Abalado e ferido.
Mas, apesar disso,
Das suas visíveis imperfeições.
Resiste a tudo e a todos.
Ainda me conquista.
E linda, hipnotiza.

 Mauricio Bahia

Um sonho de criança

O sorriso de uma criança.
É um sorriso.
Pura inocência.
De um sorriso.

Brincadeira de roda.
Outro sorriso.
Lambuzada de sorvete.
Parece que nem sente!

Pular corda e pique-esconde.
Faz manha pra mamãe ver…
Tá com sono, quer dormir.
Continua a sonhar.

Mundo colorido, pureza.
E sempre aquele sorriso.
Crescer pra que?
Ora, pra fazer criança!

 (eu e Isabela novamente. Um linha cada um.)

A Chuva

Vem chegando a chuva.
Benção do céu.
Destilada água de Deus.
Para lavar nossa alma.
Encher nossos copos.
Até transbordar.
E refrescar o corpo suado.
Limpar as impurezas.
Da sua pele.
Molhar a terra.
Serenar sob a lua.
Fazer o bem.
Enxaguar suas mágoas.
E perdoar.
Fechai vossos guarda-chuvas!

 (poesia feita “a duas mãos”.  Isabela escrevia uma linha, eu a próxima, depois ela novamente… Bincadeirinha legal!)